Você está visualizando atualmente Márcia e Onézimo: da união na vida pessoal ao sucesso profissional

Apaixonados pelo ofício que exercem, Márcia Teixeira e Onézimo Trindade dividem não apenas a vida particular, mas também a profissional. Donos de dois salões, o casal que se conheceu na adolescência já superou muitos obstáculos até conseguir ter seu próprio negócio. Mais do que crescer dentro do segmento, eles desejam ajudar na formação de novos profissionais e assim contribuir para um mercado mais qualificado e com mais oportunidades. Gratos pelas portas que se abriram após os cursos feitos no Senac, eles contam um pouco da trajetória que traçaram desde a infância até os dias de hoje e os projetos para o futuro. Conheça mais sobre a história desses empreendedores na entrevista a seguir:

Como foi a infância de vocês?

OnézimoEu vim da roça e a minha infância toda foi lá. Comecei a estudar só aos 18 anos fazendo a primeira e a segunda série. Não fiz o jardim e terminei de estudar, em média, aos 29 anos, porque conciliava trabalho e estudo. Eu morava no município de Mirinzal, depois em Cedral e por último me mudei para Matinha, mais ou menos aos 20 anos e foi lá que conheci a minha esposa.

MárciaMinha infância foi bem diferente. Foi correr, machucar joelho, brincar… Mas eu ajudava muito minha mãe em casa. Minha infância foi muito bacana! Nós sempre íamos visitar meu avô no interior dele que nem energia tinha. 

O que vocês sonhavam em ser quando crianças?

MárciaAdvogada e meu pai sempre me incentivou.

OnézimoMinha infância foi muito pesada, então não tinha uma expectativa de vida. Lembro de um dia que estava na roça com o meu avô, que eu chamava de pai, e eu virei para ele e falei: “Pai, tenho uma coisa para lhe falar: eu não quero essa vida nem para mim nem para os meus filhos. Eu preciso estudar!” E foi aí que eu comecei a entender que estudo é sempre melhor. Eu queria um futuro promissor independente da área ou profissão. Queria ter algo na vida para poder ajudar outras pessoas. 

Como foi que vocês se conheceram?

MárciaEu fui para Brasília aos 20 anos e quando voltei para Matinha, aos 24, nós nos reencontramos. Ele morava na mesma rua que eu e depois de uns 15 anos sem a gente se olhar, nos encontramos e começamos nosso relacionamento. Tivemos nosso primeiro filho, o Pietro, e depois de um ano fomos morar juntos. Hoje ele já tem 5 anos. Fiquei desempregada e ele trabalhava como vigia em uma escola, mas o que a gente ganhava não era o suficiente para nos manter, então resolvemos vir para São Luís. Já aqui, ele arrumou um emprego, mas não demorou muito e ficou desempregado. Foi quando ele resolveu abrir uma barbearia e eu comecei a fazer cursos no Senac.

Foi assim que começou a história de vocês com o Senac?

OnézimoQuando abri a barbearia, tinha uma leve noção de corte adquirida olhando os outros trabalhando. Sempre fui curioso e ficava observando. Quando ia cortar meu cabelo, se chegava alguém depois de mim, dava a minha vez e ia deixando as pessoas passarem na minha frente para poder olhar como o barbeiro fazia e aprender. Isso desde Matinha.
O sonho do meu avô era que eu tivesse uma profissão: pedreiro ou barbeiro. O bom foi que aprendi a ser barbeiro, pedreiro, carpinteiro, padeiro… Trabalhei muitos anos de vigilante municipal e quando cheguei em São Luís, trabalhei durante 4 meses em uma loja, mas depois fiquei desempregado e a gente ficou sem saída.
Um dia, passando por um salão, vi uma cadeira vazia e tive a curiosidade de perguntar se a dona não queria vender. Ela disse que queria e nós começamos a conversar e ela me contou que começou o salão dela com R$ 200,00 e eu falei que ela estava de parabéns porque eu só tinha R$ 2,40 no bolso e queria comprar a cadeira dela e tudo que eu tinha era a coragem e Deus na minha vida. Então ela disse: ‘É! Já que você tem Deus e a coragem, vou te dar cadeira de presente!’
Inclusive tenho essa cadeira até hoje. Apesar dela estar velhinha, é meu xodó. E assim comecei minha carreira de barbeiro. Os cursos eu fiz depois, mas minha esposa fez outros cursos no Senac antes de mim.

Como vocês deram prosseguimento ao negócio?

OnézimoNo começo, minha mulher pensou que nós nem fôssemos conseguir, mas como ela sabe que sou insistente e persistente, seguimos em frente. Eu não tinha nem dinheiro para pagar o aluguel do ponto, mas consegui emprestado uma quantia que tínhamos em casa, que era do sobrinho da minha mulher que mora com a gente e estava economizando para comprar um tablet e demos como entrada no ponto. Só cabia a minha cadeira e eu. Se alguém quisesse aguardar para cortar o cabelo, teria que esperar do lado de fora. E a partir daí as coisas foram fluindo.
Coloquei minha mulher para fazer o curso do Senac e eu ia começar junto com ela, mas como primeiro nós precisávamos conquistar clientes, só depois de 3, 4 meses que eu iniciei com a barbearia que pude fazer o curso.

Já era o salão Estilos ou tinha outro nome?

OnézimoNão tinha nem nome. Era só um ponto para cortar cabelo e tirar a gente do sufoco naquele momento.

MárciaA gente morava de aluguel e os dois desempregados, então foi uma forma de levantarmos dinheiro para nos manter, mas no começo era muito simples mesmo.

E qual foi o curso que você começou fazendo no Senac?

MárciaComecei com o de Depilação e o de Auxiliar de Cabeleireiro e depois o Onézimo foi fazer o de Auxiliar de Cabeleireiro, todos na ONG Liga pela Vida, instituição parceira do Senac pelo Programa de Inclusão Social – Senac Faz Sua Parte.

Como vocês ficaram sabendo dos cursos?

OnézimoAs pessoas aqui do bairro que foram falando e a gente procurou se informar. E hoje quem fala e faz propaganda somos nós! Nós indicamos e incentivamos porque eu sei da importância que esse curso teve na minha vida. Foi lá que eu consegui um certificado na área que eu trabalho e hoje isso conta muito.

O que mudou na vida de vocês depois dos cursos que vocês fizeram no Senac? 

OnézimoEu posso dizer que mudou bastante. Radicalmente! Eu comecei a ter mais conhecimento do material com o qual estou trabalhando.

MárciaCuidado com a higiene também. Eu vivo falando para ele: “Te lembra das aulas de higiene? Coloca em prática!”
Passamos também o que aprendemos para as pessoas que trabalham com a gente.

OnézimoDepois de 6 meses, de uma cadeira, que foi como nós iniciamos, abrimos o salão Estilos. A gente ampliou o negócio e depois de 1 ano e meio abrimos uma outra barbearia em outro ponto. Hoje temos em média 9 cadeiras. 

Vocês atribuem parte dessa progressão profissional ao conhecimento adquirido por meio dos cursos do Senac?

OnézimoSim! Inclusive, participamos de um projeto em Matinha que se chama “Mãe Lica- Criança Feliz”, no qual fazemos distribuição de brinquedos, organizamos brincadeiras, preparamos lanches e a minha vontade é poder levar os cursos que fiz pelo Senac para lá também, para poder qualificar as pessoas assim como eu pude me qualificar, assim sei que terão mais oportunidades de crescer na vida.

MárciaE esse ano, alguns funcionários nossos foram juntos e oferecemos, gratuitamente, serviços de corte masculino e feminino para as crianças que participaram do projeto. 

Quais os serviços que vocês oferecem atualmente no salão?

MárciaO único serviço que eu não ofereço dos cursos que fiz no Senac é depilação porque ainda não tenho a estrutura adequada aqui para isso. Mas manicure, cabelo, pedicure… Todos os outros cursos que fiz no Senac eu ofereço o serviço aqui. Coloração, química…

E quais são os planos do casal empreendedor para o futuro?

OnézimoMeu sonho é organizar o nosso espaço, fazer melhorias. Se tiver mais cursos, nós vamos fazer para melhorar a qualidade do nosso trabalho e atendimento ao cliente.
E por que eu sonho em ter uma rede de salão? Não é porque eu quero ser “o tal”, mas pela vontade de poder ajudar o outros. Formar pessoas! Gostaria muito de já poder dar cursos aqui no salão, mas ainda não tenho como.
Hoje vemos muitas pessoas desempregadas, mas só aqui na região do Maiobão e do Paço do Lumiar temos mais de 100 barbearias improvisadas, então imagina se essas pessoas pudessem aprender mais, ter uma qualificação!?! Seria um diferencial para eles.
Atualmente o nosso diferencial é esse. Além de termos o certificado do Senac, procurei aprender várias outras técnicas e fazer outros cursos com profissionais da área e de outros estados.

MárciaComo ainda não temos condição de dar cursos aqui, sempre indicamos o Senac. Tem uma empresa que oferece os mesmos cursos, mas nós preferimos indicar o Senac.
Hoje nós temos uma casa, podemos dar uma educação de qualidade para nossos filhos, nossas contas estão todas em dia e isso foi devido ao nosso esforço, é claro, mas também aos cursos que nós fizemos. Eles nos preparam muito bem. Falam desde a forma como devemos tratar os clientes até em estratégias para gerenciar nossos negócios.
Por isso que eu sempre falo que nos outros locais você só vai aprender a técnica enquanto no Senac vão te ensinar todas as etapas, desde em como saber lidar com finanças até pontos mais básicos.

Como vocês descrevem a profissão de vocês?

MárciaEu defendo muito! Tem gente que joga pedra em barbeiro, em cabeleireiro, mas eu valorizo muito. As pessoas acham que não precisam estudar para exercer essa atividade, mas é claro que você precisa aprender técnicas, estudar, procurar por qualificação e fazer cursos extras.
Hoje, meu sustento e da minha família vem todo desse trabalho, então é uma profissão que dá retorno.

OnézimoQuero fazer agora uma faculdade na área de Estética e Cosméticos. Em nome de Jesus, no começo do ano, eu já inicio. E faço isso pensando em me qualificar mais ainda, para ter um diferencial no mercado e também porque quero formar pessoas. E como eu vou fazer isso sem conhecimento?!
Me preocupo tanto com essa questão de aprender que no começo do mês teve um workshop com um profissional muito renomado na área da barbearia. Eu avisei todos os proprietários daqui das redondezas, mas simplesmente ninguém foi. O que eu fiz com meus funcionários? Fechei os dois salões e fui aprender. Eu penso que é muito melhor fechar o salão por um dia e poder amanhã entregar um serviço de mais qualidade para os meus clientes do que ficar aberto e não ter o que oferecer para os meus clientes depois. Prefiro fechar as portas por um dia para mantê-las abertas por mais tempo.
Então é isso. A gente defende a nossa profissão como a base da nossa família.

Onézimo, você falou muito das dificuldades enfrentadas durante sua infância. O que você diria, hoje, para a criança que você foi?

OnézimoAcorda, meu filho. Acorda! É tempo de viver. Isso que eu falaria.
Eu chego a me emocionar porque eu lembro que acordava às 3h da manhã e meus avôs que me criaram já estavam de pé e com tudo preparado para irmos para a roça. A gente montava em um animal, que na época era um burro, jumento ou cavalo, e ia. Era uma distância de mais de 20 km que a gente viajava para chegar lá de manhã. E isso de carroça.
Se eu tivesse alguém para me apoiar, como eu gostaria de apoiar muitas pessoas que precisam, seria muito bom. Mas eu não tive. O que a minha família tinha para me oferecer era aquilo. Eles vieram da roça e muitos deles morreram lá. Dentro das possibilidades deles, eles me ofereceram o que podiam.
Então eu diria para acordar e estudar.

MárciaEstudar e brincar! Isso que eu diria.

Como é ter o parceiro da vida pessoal na vida profissional também? Como vocês lidam com isso? Como funciona essa parceria?

OnézimoA nossa razão de viver é Jesus, mas a minha razão de trabalhar é minha esposa, minha companheira! E ela estando ao meu lado é um passo por mim que ela está dando e eu estando ao lado dela é um passo por ela que eu também dou. Ou seja, nós caminhamos ombro a ombro, lado a lado e nós temos crescido um dia após o outro. Se assim não fosse, não conseguiríamos.
Temos as angústias de um casal normal, mas trazemos a alegria que são os nossos filhos e nossa parceria para superarmos as dificuldades.

MárciaEmocionei…!
Sendo mais focada, eu amava Farmácia, então eu já tive várias propostas para trabalhar em drogarias, mas ele sempre me falava que eu não iria sair do salão para trabalhar em outro local  e ser  empregada dos outros sendo que aqui eu sou a proprietária. Então resolvemos focar no nosso negócio.
Às vezes ele puxa minha orelha e eu a dele. Ficamos um cuidando do outro. 

Se vocês fossem indicar a Instituição Senac para alguém, o que vocês falariam?

OnézimoO que eu falaria, não. O que eu sempre falo! Aqui dentro de São Luís, qualquer área que a pessoa queira e que o Senac ofereça, pode ir, confiar e fazer tranquilo que os cursos são de qualidade.
Como eu já conheço um pouco da área de barbearia e cabeleireiro, tenho como comparar com os outros cursos que já fiz e eu digo que os do Senac foram os melhores dos quais participei.

MárciaTanto eu como ele, quando a gente fazia o curso de Cabeleireiro, conhecemos pessoas que fizeram cursos em outras instituições e eles não sabiam nada. Tenho uma colega que já tinha passado por outro local e não tinha aprendido praticamente nada, ela mesma fala que só depois do curso do Senac que ela se sentiu segura e preparada para montar seu salão.

Uma frase para finalizar.

OnézimoViva o hoje como você não viveu o ontem, viva o hoje como se você não fosse viver o amanhã. Porque o ontem foi passado, o amanhã é futuro e o hoje que é o presente e foi um presente que Deus te deu, então eu vivendo bem o hoje, o amanhã estará garantido.

MárciaSonhe! Sonhe que um dia o seu sonho vai virar realidade.